Eu posso escolher o meu doador de órgãos?
Pacientes à espera de um transplante de órgãos e familiares lotaram o auditório do Conecta Iscal para saber mais sobre a definição do melhor doador para cada caso. A bioquímica Sueli Borelli, doutora em Imunologia, residente em Maringá, respondeu à pergunta central deste tema: “Não. O receptor não pode escolher quem vai ser o doador”. A palestra, organizada pela CIHDOTT (Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) da Iscal, foi no dia 10 de junho.
A palestrante explica que um dos pontos fundamentais da doação e transplante de órgãos é a compatibilidade entre receptor e doador, independente se o doador será vivo (caso de rim, fígado e medula) ou cadáver. Exames laboratoriais vão identificar essa compatibilidade. O primeiro deles é a correspondência sanguínea, no grupo ABO.
O próximo marcador a ser medido, depois do tipo sanguíneo, segundo Borelli, é a reatividade contra painel de células (PRA). Ela explica que o exame é feito comparando o soro do paciente com células de diferentes indivíduos da população. O resultado varia de 0 a 100%. O zero indica a menor reatividade e, portanto, o melhor resultado. Ou seja, o organismo do receptor não vai reagir ao órgão do doador. A partir de 30% de reatividade, segundo a palestrante, o transplante se torna inviável.
Outros dois exames imprescindíveis para seleção ou exclusão do doador são o HLA e o cross match. O HLA (Human Leukocyte Antigens), que em tradução livre significa antígenos de leucócitos humanos, é a comparação de genes. Ele vai mostrar quais doadores entre os possíveis são mais parecidos geneticamente com o receptor.
Já o cross match, ou prova cruzada, vai identificar a possibilidade de rejeição do órgãos nas primeiras horas do transplante. Se o resultado for ‘não reagente’, o doador está aprovado. “Por que rejeitei o órgão se eu era HLA idêntico ao doador? As provas laboratoriais servem para que não haja rejeição imediata. Mas a rejeição ao longo do tempo pode ocorrer. Por isso a importância de tomar a medicação imunossupressora para o resto da vida”, destaca Borelli.
Este é um dos motivos do monitoramento pós-transplante. Na Santa Casa de Londrina esse trabalho é feito através do ambulatório de transplante coordenado pela CIHDOTT. Borelli deixa um recado enfático aos transplantados: “Vocês precisam ser mais responsáveis que o próprio médico com a coleta dos exames para acompanhamento. É o seu órgão, a sua vida. É uma responsabilidade com o órgão recebido e com o doador”.
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Assessoria de Comunicação | ISCAL
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