Ana Lívia, 6 anos, volta para casa depois do transplante
Festa no Hospital Infantil para comemorar a saída de Ana Lívia, 6 anos, que voltou para casa com um novo coração. A alta hospitalar foi no dia 11 de setembro, depois de 4 meses do transplante e 7 meses ininterruptos de internação.
Usando vestido branco, ‘de princesa’, como ela mesma escolheu e definiu, maquiagem e esmalte, ela emocionou a equipe que participou da festa e até mesmo os jornalistas que faziam a cobertura. Tímida e acuada pela presença de estranhos com microfones e flashes, com a voz baixinha atrás da máscara de proteção, ela deu um recado curto e emocionado: “Eu queria agradecer por vocês me curarem. Vou sentir saudade”.
A mãe, Natania Renata de Souza Santana, esteve com ela durante toda a internação, acompanhando cada detalhe do tratamento. “Tudo foi vitória. Voltar pra casa com ela é uma bênção”, afirmou entre lágrimas. “A rotina vai ser bem diferente, mas agora é vida pra frente. Só alegria”, completou Natania. “Vou sentir saudades (da equipe do Hospital), eles cuidam muito bem dela”.
Acompanhamento – Nos primeiros meses após a alta, Ana Lívia vai retornar ao Hospital toda semana para acompanhamento médico. “A Ana vai em ótima condição. Vai levar uma vida normal, com algumas restrições”, ressalta o cirurgião cardíaco Luiz Takeshi, um dos integrantes da equipe responsável pelo transplante. Ele afirma que, como qualquer transplantado, Ana Lívia terá que fazer uso contínuo de medicamentos – os imunossupressores - para evitar a rejeição do novo órgão. Com isso, explica o médico, o sistema de defesa fica deprimido e o organismo vulnerável a infecções. Por isso, além dos medicamentos, Ana Lívia terá que usar máscara no início e ter cuidados especiais com a higiene.
O transplante – Ana Lívia foi internada em fevereiro na UTI no Hospital Infantil, diagnosticada com insuficiência cardíaca grave devido à miocardite possivelmente de origem viral. Como o quadro dela só piorava, o último recurso para ela era o transplante. Com 2h40 de duração, a cirurgia de Ana Lívia, na noite de 01 de junho, foi considerada um sucesso. No dia seguinte, menos de 12 horas após a cirurgia, a paciente foi extubada (saiu do respirador), chamou pela mãe e pediu suco de maçã. “Foi um grande alívio quando ela acordou e vimos que deu tudo certo”, afirma o médico. Depois de 22 dias de UTI, Ana Lívia foi para um quarto da pediatria do Hospital, onde permaneceu os últimos 4 meses devido a complicações no transplante. “A Ana é uma grande guerreira. Nunca desistiu”, conclui o médico.
Além de Takeshi, os cirurgiões cardíacos Gualter Pinheiro Júnior e Rafael Santoro também participaram da cirurgia de transplante.
“A Ana modificou nossas vidas, de todos na UTI. É como se ela fosse um familiar nosso porque foi muito tempo junto. É uma lição que ela nos deu. É emocionante mesmo ver ela indo para casa. Uma conquista para Ana e para nós também”, declarou emocionada a enfermeira Mayara Cristine da Mota, que acompanhou Ana Lívia desde a chegada dela na UTI antes do transplante e depois uma parte da internação na pediatria.
54º transplante da equipe - Um marco para região norte de Londrina, o transplante dela só foi possível graças à solidariedade da família da doadora, uma adolescente de 16 anos, vítima de atropelamento em Joinville (SC). Apesar de ser o primeiro transplante cardíaco infantil realizado pelos cirurgiões, a equipe já acumula uma experiência de 53 transplantes em adultos na Santa Casa de Londrina, hospital do mesmo grupo do Infantil Sagrada Família.
“Só tenho que agradecer a família que doou o coração. Se não fosse ela a Ana Lívia não estaria viva”, conclui a mãe. Para a menina as coisas são mais simples: “Quero olhar meu quarto. Tô com saudade”.
....................................
Assessoria de Comunicação | ISCAL
Fotos: Arquivo ISCAL